Descendentes dos BONATES DA CUNHA Baturité

Localizada aos pés do Maciço de Baturité, região serrana úmida que engloba 13 municípios, a cidade está a 100 km da capital Fortaleza, numa altitude de 175m acima do nível do mar. O real significado do topônimo Baturité é incerto pois as interpretações são bastante divergentes. Uma delas sustenta que o nome provém de ibi-tia-eté que significa Serra Verdadeira no idioma dos tupis que habitavam a região.

Cidade de clima ameno, é detentora de uma das últimas reservas de Mata Atlântica do Ceará. Dentre os inúmeros monumentos representativos da história da cidade temos a Igreja Matriz em estilo colonial, a Estação Ferroviária, a Via Sacra com 365 degraus representando o marco do sentimento religioso do povo, onde a escadaria leva a uma imagem de Nossa Senhora, o Mosteiro dos Jesuítas com sua belíssima arquitetura, a casa do Comendador Ananias Arruda que hoje é o Museu Histórico, o sítio arqueológico Serra do Vicente e ainda belos prédios e casarões como o Palácio Entre Rios, Prédio da Cultura, Galeria de Arte Olavo Dutra e outros que juntos constituem um rico acervo da história regional.

Seu povoamento originou-se de uma sesmaria em 1746. Com a chegada dos missionários jesuitas a ocupação foi intensificada e em 1755 instalou-se no mesmo local a Missão de Nossa Senhora da Palma. Em 1759, a missão foi elevada a condição de Vila como nome de Monte-Mor Novo d'América. Em 1858, tornou-se município com o nome de Baturité.

Em 1824 Manoel Felipe Castelo Branco trouxe do Pará mudas de café, fato que transformou a economia local. Na metade do século XIX, a cidade passou a ter como atividade econômica principal a cultura do café, chegando a deter 2% de toda a produção brasileira e tornou-se um dos municípios mais prósperos do estado. Contudo, viu-se a necessidade do escoamento da produção, não podendo se feita pelas precárias estradas da época. Então em 1870 um grupo de comerciantes lança a proposta de constuir a primeira ferrovia do estado, interligando a cidade à capital Fortaleza.

Em 1877, o Ceará sofreu com severa seca e suas graves consequências: fome, cólera, febre amarela e varíola. A pecuária foi severamente atingida. Em Baturité a população dobrou com a chegada de flagelados de todas as regiões da província. Infelizmente com a fome e as doenças pelo menos a metade morreu. As construções da Igreja de Santa Luzia, do prédio da Prefeitura Municipal e da Cadeia Pública foram iniciadas pelo Governo Imperial como obras de assistência aos flagelados. A estrada de ferro da cidade adquiriu o status de "ferrovia estratégica", por ter sido considerada uma das mais importantes empresas de socorro público durante a estiagem. Encampada pelo Governo Imperial em meados de 1879, empregou, em dois anos de trabalho, 50 mil retirantes.

Nesse contexto, milhares de cearenses foram estimulados a migrar para a Amazônia onde havia oferta de trabalho na extração da borracha. Só de janeiro a junho de 1878, pelos portos de Fortaleza e Aracati, cerca de 25.000 deixaram a província. O próprio governo ajudava pagando passagens. Este destino de migração foi ainda popular durante a seca de 1915, conforme escreveu Raquel de Queiroz no romance O Quinze.

Atualmente a economia de Baturité baseia-se principalmente no comércio, prestação de serviços, na extração vegetal e em culturas de algodão, banana, milho, arroz, feijão e cana de açucar. Com um comércio forte, a cidade vem conseguindo muitos avanços na qualidade de vida da população e em sua modernização.

Ainda é importante destacar o cultivo do café, que embora tenha diminuído muito após a crise de 29 e outras crises na economia brasileira, vem crescendo, atualmente, utilizando-se a técnica do cultivo sombreado e 100% orgânico. Esse tipo de cultivo fez com que o café baturiteense ganhasse destaque nacional e internacionalmente por ser um produto de alta qualidade e saudável.

CURIOSIDADES:
Baturité é a terra natal de Luiz Severiano Ribeiro, o fundador do Grupo Severiano Ribeiro e do Major Antonio Couto Pereira um dos maiores presidentes do clude de futebol Coritiba, responsável pela construção do antigo estádio Belfort Duarte, atual Estádio Major Antonio Couto Pereira.

Mosteiro dos Jesuítas